Perto de prescrever, assassinato de Celso Daniel ainda intriga o MP

O delegado Edson Remigio de Santi, responsável pela prisão da quadrilha que sequestrou e executou o ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002, mantém a mesma convicção que marcou a investigação liderada por ele, há quase duas décadas: não houve mandante ou outra motivação no arrebatamento do político — e do empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra — que não um sequestro comum, finalizado de forma brutal. Para o policial, outra interpretação do caso não passa de “teoria da conspiração”.

Daqui a dois meses, o crime completa 18 anos e vai prescrever. Os executores foram julgados e condenados, mas a suspeita de crime encomendado nunca foi deixada de lado por promotores paulistas

Ambas as vítimas voltavam de um jantar no restaurante Rubaiyat, nos Jardins, em São Paulo, em um utilitário de luxo, quando foram abordados por homens armados na rua Antônio Bezerra, conhecida como rua dos Três Tombos, no Sacomã, zona sul da cidade. Os suspeitos bloquearam a via e atiraram no carro. O prefeito foi levado e o empresário, que dirigia o veículo, foi poupado para providenciar um possível resgate.

A explicação de quem apurou o crime, após receber a informação de um dos cativeiros para onde Celso Daniel foi levado pelos integrantes da Favela do Pantanal, comunidade situada na divisa entre São Paulo e Diadema, é refutada pelo Ministério Público e por boa parte da opinião pública. Mas, Edson Santi garante que o político foi vítima de um crime de oportunidade, estava no local e na hora errados e acabou surpreendido por bandidos frustrados por um sequestro que não se consolidou.

“Todos deram a mesma versão sobre o fato: haviam planejado sequestrar um comerciante da Ceagesp que tinha uma [picape] Dakota vermelha. O Edson [um dos sequestradores] ficou em carregado da ‘seguidinha’ na sexta. O cara estava a caminho do litoral, mas ele perdeu a ‘seguidinha’. Para não perder a viagem, como era comum fazer sequestros de pessoas com veículos importados, o primeiro [carro de luxo] que passou, eles escalaram. Essa foi a versão de todos”, contou Edson Santi que à época do crime, era titular da 2ª Delegacia de Patrimônio do Deic.

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